7.07.2007

Quando o bom moço subiu no telhado



Quem assistiu DogTown & The Z Boys, documentário dirigido pela lenda do skate, e também empresário, Stacey Peralta, deve ter se assombrado. Eu me assombrei e nem skatista sou (Até me arrisco a andar com um long da Sector 9 nos finais de semana.). Aquela me parecia a primeira vez na história que um esporte moderno, autênticamente surgido junto a um tipo de movimento comportamental, considerado extremo por muitos, ganhava autoridade o suficiente para refletir de maneira tão profunda sobre si mesmo. Era como se eu visse uma tradição surgir na frente dos meus olhos.
DogTown descreveu o surgimento do skate como esporte e contracultura, mas nos deixou ainda muito longe daquilo que sua moda, som e linguagem se tornariam nos dias de hoje. Para preencher essa lacuna, vem aí o documentário The Man Who Souled the World, sobre Steve Rocco, o homem que inventou o movimento urbano.
Steve era um freestyle sk8er partocinado pela Sims Skateboarding até o ano de 1988, quando foi afastado e decidiu abrir sua própria marca, a World Industries, um coletivo formado por vários skatistas que elevou os shapes e o comportamento de sua geração a um novo degrau. Seus produtos e vídeos estimulavam a irreverência e liberdade de expressão, muitas vezes cruzando o limite da violência, pornografia e uso de drogas. Nunca o mundo tinha visto nada igual e o própio Rocco nos ajuda a compreender suas razões: "Nós estávamos testando os limites de coisas qua jamais tinham sido feitas. E por que não? Na verdade, sinto como se tivéssemos a obrigação de fazê-lo."
Mas como se define movimento urbano? O que é sreet art, ou street wear, music ou o sei lá quê?
Mesmo os especialistas no assunto têm dificulde em definir. A unanimidade, no entanto, parece vir da característica, facilmente identificável, de que é aquilo que possui uma certa autênticidade e relevância para pequenos grupos ligados a uma rua ou bairro de uma cidade, sempre ascessível ao bolso precisa ser, obrigatóriamente, prático ou funcional. Algo que têm sua existência negada, no princípio, pelo privado ou o estabilishment. E tudo isso, Rocco tinha de sobra. Em vídeos que romperam com tudo o que se vira até então, Rocco e sua turma aparecem quebrando coisas, se arriscando, pela primeira vez na mídia, sobre corrimões, calçadas e mobiliários urbanos em seus skates. No áudio, os gritos dos amigos e camera men, registrando, com a irreverência e tom desafiador que lhês é único, a revolução que iria atrair a atenção do mundo e, principalmente, de seus jovens. Suas manifestações anteciparam muito do carácter contributivo e do cruzamento de talentos que só a internet veio provar ser possível anos depois. No mundo desenhado por Rocco, vídeo makers, músicos, artistas gráficos, grafiteiros e djs que conviviam espremidos, no pedaço de chão que lhes cabia, a calçada e o beco, ultrapassam todos os limites. Com a chegada dessa turma, o bom-moço morreu.

Abaixo dois traillers que antecipam o lançamento que virá em agosto de 2007 nos E.U.A., sendo o primeiro absolutamente genial.





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