7.31.2007

Na Arrebentação


Ilustração: Evan Hecox

Da areia, sentado na canga de uma menina, ouvindo o Ipod ou o papo de pessoas que você não conhece, mas que estão ali ao lado, não dá pra imaginar o que é o line up. Aliás, antes de surfar, eu nem sabia que essa palavra existia. Parecia simples: as ondas vinham para todos e bastava você estar ali que tudo daria certo. Difícil mesmo parecia ficar em pé na prancha, o resto deveria ser mole. Claro que no momento que comecei a pegar o jeito e a me arriscar um pouco mais, recebi a dura lição. Surfar, antes de mais nada, significa aprender a dividir a arrebentação com outros surfistas e não me esqueço do meu cuidado para não atrapalhar qualquer um que estivesse num raio de 10km ao meu redor. No silêncio que reina n’água, tentava identificar os códigos de conduta, nem sempre claros, que fariam de mim um estorvo a menos e, conseqüentemente, um surfista a mais.
Quando decidi começar a escrever um blogue, ainda não tinha uma idéia muito clara do formato ou da pauta. Sempre achei que o surfe acabaria dominando alguns aspectos de seu conteúdo, afinal, esse é o assunto que, quando não estou trabalhando, estou fazendo ou sonhando. Mas nunca tive a pretensão de um dia ver o Chasing sendo indicado por outros blogues. Quanto menos, blogues de surfe. Achei que teria muita sorte se meus amigos apenas o lessem quando eu pedisse e me senti muito pressionado a encontrar informações um pouco fora da curva para que, ao menos, pudesse surprendê-los na originalidade.
Na semana passada, alguns blogues de bons surfistas, leitura obrigatória na web, recomendaram o Chasing para seus leitores: o Pedro Arruda do Ondas, o Giovanni Mancuso do Tracks e o Júlio Adler do Goiabada. No caso do Surf4ever, do Otto, chegamos a travar contato por email. O Mancuso também comentou algumas matérias no Chasing e o Pedro Arruda, com seu post, foi mais que generoso. Me senti novamente como quando estava começando a surfar, tentando não dar bandeira para os verdadeiros surfistas ao meu redor de que era um prego sem a menor idéia do que estava fazendo. Nem preciso dizer que na internet, para meu desespero, não dá para remar para longe. Naquela época, Gustavo Paixão, um amigo que tentava me convencer a aprender a surfar, me disse algumas palavras que continuam ecoando na minha cabeça como um mantra. “Felipe, surfar não é ficar em pé na prancha, fazer manobras e papagaidas. Surfar é prestar atenção no mar, no visual e curtir os brothers, trocando idéias dentro d’água. Você vai cair um porrada de vezes mas, numa hora, vai conseguir ficar de pé. Surfar é isso.”
Eu surfo por causa disso e sou muito grato aos amigos blogueiros que me permitiram dividir o line up com eles. Boas ondas para todos.

4 comentários:

Anônimo disse...

Felipe, no caso do Surf4ever, a descrição mais adequada seria um blogue de um surfista (sem o "bom")hehehe.
Como diz o Máurio, do "Alohapaziada", os blogueiros surfistas estão numa sintonia irada. Outro que acho legal é o "Pão na Chapa" do Zé Augusto, que não escreve só de Surf, mas quando escreve, atinge a alma.
Esse post recente aqui do CTL, "Surf é rip", é um dos motivos pelo qual vou passar por aqui com freqüência, pois continuar conciliando o Surf na vida de um cidadão comum é o "Lotus" que eu busco, e sabemos que não é fácil.
Sucesso ao blog (ou blogue)!
Abraço,
Gustavo

Anônimo disse...

Cada vez melhor Luchi, parabéns Velho!!!!

Bayard.

Giovanni Mancuso disse...

Pois é, cara, além de estar agradando gregos e troianos, tu estás conseguindo fazer uma bela política da boa vizinhança. Valeu e, plis, continua neste rumo que o teu "surfe" está cada vez melhor!
Um abraço,
Giovanni

Anônimo disse...

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