7.27.2007

O Surfe Não É Um Esporte Olímpico

POR RODRIGO AMADO, O LAMBARI


China Surf Open 2006

A razão não poderia ser mais óbvia. Não tem onda em todas as sedes escolhidas para os Jogos Olímpicos. Desde 1968, 5 vezes os Jogos Olímpicos foram em países onde não haviam ondas. 1972 - Alemanha, 1976 - Canadá, 1980 - União Soviética, 1988 - Coréia do Sul, 2004 - Grécia e em 2008 será na China.
Não tem onda. Será?
23 picos de surf na China. Rússia? Pergunta pro Tom Curren. Na Alemanha, pegam ondas sem fim no Rio Isar. Canadá rolam ondas dos dois lados, Vancouver e Nova Scotia. Coréia também tem! Typhoons waves. Grécia, mais de 50 picos de surf.
Tudo bem, as ondas nesses lugares são ruins, inconstantes, pequenas, de difícil acesso e etc. E no Brasil? Imbituba? WCT!!! Até a piscina de onda não pode ser descartada, afinal, no Japão já rolou etapa da ASP (Fabinho levou!) por mais de uma vez.
Se o surfe fosse esporte olímpico sua exposição seria muito maior, os patrocínios transbordariam as fronteiras do surfwear, os atletas se tornariam super astros ao conquistar uma medalha de ouro que fez o seu país subir uma ou duas posições no quadro de medalhas, os contratos com os "surfistas olímpicos" seriam milionários, na equipe da Nike estariam Slater, os Hobgood e Cris Ward, na Adidas, Marlon Lipke (surfista alemão WQS) estaria recebendo todos os investimentos possíveis, pranchas da Reebok feitas de methaliuretan injetado, a Nike com as pranchas SurfAir com bolhas de ar internas, parafinas de elastorine em spray, leashes de 0.2mm que não arrebentam fabricado pela Speedo. Imagina, o Slater subindo ao pódio com "agasalho" da equipe americana, colocando a mão no peito, ostentando sua medalha de ouro e cantando "Oh, say can you see, by the dawn's early light, What so proudly we hailed..." Ou na borda da piscina do parque aquático Maria Lenk um pódio com Andy Irons, Taj Burrow e Mineirinho levando o bronze, honrando a casa.
O esporte iria ser catapultado para um outro nível. Seria a era dos atletas desenvolvidos para serem máquinas de vitória nos mares da China, Havaí, Austrália ou da Coréia. A evolução, tão esperada e desejada, iria finalmente acontecer.
Mas... graças a deus ainda estamos longe dessa maldição. O surfe não é um esporte olímpico e nunca vai ser, pelo menos esse é meu desejo. Na verdade não sei nem se o surfe deveria ser considerado um esporte, é muito maior que isso. Como compará-lo ao salto com vara por exemplo? Imagine você, acordando as 5 da manhã, colocando sua vara de baixo do braço e saltando, saltando e saltando, por 6 horas seguidas, pára, come um açaí, volta pra mais uma sessão de saltos, todos os dias, 300 dias por ano. Se o Sergei Bubka tivesse surfado uma vez na vida, com certeza não estaria lá. Deu mole, afinal, até na Rússia tem onda.

4 comentários:

Godum disse...

Clássico!!!!!!!!!!!!!!!!

Anônimo disse...

Pois é Lambresi. Tomara que não vire mesmo. Mas o crowd vem aumentando a cada ano e não seria nada mal se marcas como a Nike, Adidas, ou outras megamarcas pudessem construir fundos artificiais e piscinas de ondas dos mais diversos tipos e tecnologias e pudessem competir entre si para ver quem teria os melhores picos. Nós agradeceríamos com certeza.
Valeu. Parabéns pelo texto.
Abraço,
Carlinhos

Giovanni Mancuso disse...

Parabéns. Muito bacana o teu blogue. Já ganhou um atalho aqui. Um abraço.

Anônimo disse...

Sinceramente, não compreendo porque o surfe não virou esporte olímpico. Nesse pan, por exemplo, até wakeboard eu vi na lagoa fedorenta rata tui.

As piscinas e fundos artificiais supririam a crowd, se o surfe crescesse demais?? Não sei dizer. Pergunta difícil não vale...

Acho que que com essa transmissão ao vivo pela internet, poderia rolar disputa de medalha em tavarua, sendo transmitida ao vivo para o mundo todo. Seria diferente.