6.15.2007
A viagem é o destino
Depois de 10 dias juntos na Costa Rica, nosso grupo finalmente iria se separar. 5 de nós voltariam para o Brasil no dia seguinte e a session no maior dia de Playa Negra no final daquela tarde parecia promissora. O vento não permitiu que fosse clássica, mas o tamanho impressionou. Já eu e o Marquinhos, ainda com mais 6 dias a nossa disposicão, decidimos conhecer o sul do país, sem esconder a ansiedade de, mesmo sem um bom swell confirmado, chegarmos até a lendária onda de Pavones. Alugamos um novo carro e, já com toda nossa bagagem nele, nos despedimos dos amigos que caminhavam pela areia rumo às direitas de Playa Negra, ainda no começo da tarde. Abraços e correria. Uns querendo surfar as últimas ondas da trip, nós dois ansiosos para pegar a estrada e, uma vez que seríamos obrigados a pernoitar em algum ponto dela, surfar em Boca Barranca mais uma vez na manhã seguinte.
Depois de muito chão, uma noite de sono apenas razoável no Hotel Boca Barranca e mais esquerdas desse pico gravadas na memória, nos vimos rumando sul pela estrada que passa por Hermosa, Quepos e depois Dominical. Tortuosa, cheia de curvas e caminhões de carga, a cada cidade que cruzávamos a qualidade do asfalto parecia piorar um pouquinho. A sensação de insegurança foi aumentando, agravada pela chuva que cumpria seu papel tradicional dos meses de maio e junho. O vento era mais eficiente nas partes desabrigadas, onde, não por conhecidência, podíamos ver a costa sendo castigada por ondas e o horizonte do Pacífico encarneirado e tempestivo. Foi ali que percebi que algo estava mudando na viagem e em mim mesmo. Me senti numa prova, num teste, e acho que pela primeira vez, desde que chegara em San José, capital do país, onze dias antes, realmente relaxei. Compreendi o sentido de tudo aquilo. Da chuva, da estrada cansativa, do vento e da fome. Percebi que era inútil tentar cumprir uma agenda. O meu calendário de férias, o roteiro mal desenhado, o mapa no porta-treco do nosso carro, nada disso era garantia de bom surf, ou melhor, garantia do momento único que é ser presenteado pelo oceano com uma única boa onda com meu nome escrito nela. Fiquei grato por estar parado naquela estrada horrível e esburacada e finalmente consegui conversar de maneira mais tranqüila com o amigo que sentava ao meu lado e que (quem pode ter certeza?) talvez estivesse passando por suas próprias tormentas e encontrado suas próprias soluções. Não chegamos à Pavones nesse dia. Dormimos em Rio Claro, quase a duas horas de nosso destino final, em mais um hotel de beira de estrada. Os dois, exaustos e sem mais assunto, achamos melhor assim. Para que a pressa numa surf trip?
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2 comentários:
Bro,
Uma coisa que eu reparei e deixei pra comentar com o Proféssor e o Edu só quando embicamos o Tucson no aeroporto: você viu algum acidente de carro na Costa Rica? É mais uma prova de que aquele lugar é mágico. Apesar das estradas desafiarem a lógica, ninguém bate.
PS: Estou curtindo, tá maneiro.
Gussss
acidente a gente não viu.
Tb pegamos um desvio de 1 hora em San José suburbia pra não ver.
Cadê o Dedo do Hulk porra?
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