6.13.2007

Boca Barranca



Eu surfo de longboard e poderia escrever horas sobre os motivos de não ter escolhido surfar com pranchinhas. Prefiro pular essa parte pois Allan Weisbecker, em seu livro 'In Search of Captain Zero', ainda sem tradução no Brasil, escreveu um dos melhores parágrafos sobre as razões de se escolher um longboard. Prometo postar a transcrição dele num futuro próximo. De volta ao presente, deixa eu contar sobre Boca Barranca.
Essa onda é longa, gorda e quebra na boca de um rio largo, visitado de vez em quando por crocodilos e por um pouco de sujeira que, arrastada das margens pelo grande volume d'água, acaba indo parar nas pedras que cobrem a beira da praia e o fundo daquele mar. Dá pra ver a série vindo de longe, entrando pelo point break, se misturando às águas do rio e quebrando devagar ao longo da baía larga, extensa e rasa. Uma parede de água que ameaça fechar sem conseguir pois o rio desaguando não permite. Poucas pessoas espalhadas pelo line up difícil de localizar num primeiro momento. É o céu, apesar da beleza questionável do lugar. A onda dura vários segundos. Muitos. Bons bottons, caminhadas para o bico e, para os mais talentosos que eu, cut backs abertos e, por isso, longos também. Quando vc desiste da onda - pois ela não dá sinais de que irá desistir de você - e olha para trás, pode conferir a distância inacreditável surfada. A mesma distância que vai te custar remando na volta, parte amaldiçoando, parte agradecendo a Deus.
No primeiro dia que que conseguimos surfar na Costa Rica, fomos para lá. Pegamos um mar grande e cavado em Hermosa pela manhã e chegar em Barranca quebrando 4 feet - 5 para um gaúcho que conhecemos no dia seguinte nesse mesmo pico - da maneira como descrevi há pouco, era a confirmação de tudo que esperei nos 6 meses que me preparei para essa viagem. Quase ninguém dentro d'água: 3 locais com pranchinhas, eu, Marquinhos e Gustavo. Saímos com os braços esgotados, rindo e tropeçando nas pedras que não cortaram, mas machucaram muito nossos pés no caminho de volta até o pequeno estacionamento vigiado por um local boa gente. Ele gritou um Pura Vida! depois de receber os 2 mil colons que lhe pagamos. Desfiz, mas não completamente, o sorriso no meu rosto, fruto daquela tarde, e devolvi o Pura Vida!. Voltamos mais 2 vezes para lá durante a trip. E fico voltando até hoje quando me pego de bobeira olhando pro nada.

3 comentários:

Carlinhos Toledo disse...

Boa Felipe ! Que inveja boa. Pura vida !!! Ano que vem tamo junto.
Gostei do texto.
Abs,
Carlinhos

Anônimo disse...

Truth is none of us got barreled, the car deal went so so and we ended up with a story you can't talk about. But I got lucky, and I ain't italian, dude.

Godum disse...

Por ser testemunha ocular de quase toda a carreira surfística do Felipe,posso afirmar que ele melhora e ganha confiança a cada dia.Barranca foi satisfação plena,paraíso do Long.Os caras voltaram pra Hermosa extasiados.
Agora começa a focar o backside nas direitas,Telos é maioria right hander!
Valeu irmão,parábens pelo blog,tá irado da psicodelia,da doidera,da doença,do dedo do Hulk!
Proféssor