1.29.2008

Coisa Fina

Dica do Ondas. Vale dar um pulo no site do filme.

1.27.2008

Assistindo

"I wish that when they asked us:
'What is surfing?' I would have said
it's a spiritual activity,
and not just a sport,
because that's what put us
on the wrong track..."


Nat Young

1.20.2008

Menina e Brasileira

Domingo de Chuva e trabalho. Passo na banca de jornal e volto correndo pro carro, encharcado pela chuva que cai pesada, com a nova Surfer debaixo do braço. Em frente ao computador, viro as páginas rapidamente e dou de cara com uma pequena entrevista da Maya Gabeira para a revista. É pequena mesmo. Menos de meia página. E ainda começa dizendo que todo surfista, alguma vez na vida, já se virou para alguém a quem queria desancar e disse:
A. Você surfa como uma menina.
B. Você surfa como um brasileiro.
Após o início promissor, a matéria elogia a garota, mesmo sendo ela A. Garota e B. Brasileira.
A Maya foi vencedora do Billabong XXL, a primeira mulher do mundo a dropar Ghost Threes e coleciona um número sem fim de feitos dignos dos maiores surfistas do planeta. Apesar disso, a Surfer considerou de bom tamanho fazer uma entrevista de apenas meia página com ela e ainda avacalhar todos os atletas do país da entrevistada. Assim, de graça.
Não por desforra, mas por puro respeito e admiração, o Chasing presta aqui a sua homenagem.

Continue surfando

Dica do Carlos Lobo

Stormy Monday em Mundaka - Por Carlos Lobo

Entre os dias 9 e 12 de setembro de 1993 acontecia o Pukas Fortuna Surf, etapa do WQS em Zarautz na Espanha. Não me lembro muita coisa da competição em si, mas me recordo que na manhã de domingo a final foi vencida por Mark Bannister numas merrecas de centímetros, quase insurfáveis, e por ironia logo depois o mar começou a subir muito rápido. No meio do dia já estava enorme com ondas fechando em toda a extensão da praia. Naquela mesma tarde a meca do surf mundial saiu numa grande caravana rumo a Portugal, sede da próxima etapa. No meio do caminho havia Mundaka. Estava indo sozinho no meu carro/casa quando alguém pediu que eu desse carona pra um moleque peruano magrinho que devia ter uns 18 anos. No caminho Cristian me contou várias histórias sobre as ondas no Peru, principalmente Pico Alto. Dizia que já tinha surfado ondas enormes lá e eu fiquei achando que era meio cascata. Chegamos na vila de Mundaka de noite e fomos direto para a mureta do porto aonde já tinha um monte de gente encasacada olhando o mar. Não dava pra ver as ondas, mas o som do mar era ensurdecedor e a adrenalina estava em todos os olhares. Estacionei meu carro ao lado do furgão azul da galera de Ubatuba onde o Datinho, irmão do Tadeu Pereira, tinha pintado na lataria um enorme “ROTA”, numa alusão a temida polícia paulistana. Dormiam nele o Mariano Tucat, o Renatinho e o Peterson Rosa, as novas promessas do surf brasileiro. Naquela noite todo mundo foi dormir meio grilado. Ainda estava meio escuro quando acordei com os gritos do Peterson que já estava de longjohn convocando todo mundo pra ir pra água. O dia estava cinzento e frio e fui ver o mar. As ondas estavam enormes, devia ter no mínimo uns 15 pés, e o mar totalmente storm e mexido, a água barrenta e fria. Nessas horas não deve ser nada bom ser surfista profissional, a pressão sobre os caras era evidente, mas a verdade é que entre a tropa de elite do surf mundial, que neste momento já lotava a mureta, não havia movimentação que indicasse que alguém iria encarar o desafio. E não faltava motivo. O cenário era apocalíptico. Mundaka quebra na foz de um grande rio e naquele dia o mar estava tão grande que literalmente arrancou das margens árvores de um bom tamanho e a situação era a seguinte: as árvores boiando eram carregadas pelas ondas rio adentro até chegarem no canal quando encontravam uma correnteza no sentido contrário que as levavam de volta pra debaixo do pico num circuito interminável. Ou seja, o medo não era só de dropar ondas enormes e mexidas, precisava ainda ficar ligado pra não “arborizar”, pegando emprestado um termo do vôo livre. Eu estava ao lado da marina, uma enseada bem pequena construída artificialmente com muros de pedra pra proteger os barcos dos pescadores. Um grande volume de água entrava e saía dela criando um sistema de fluxo e refluxo assustador. De repente vi uma das cenas mais incríveis da minha vida. Formou-se um redemoinho no meio da enseada que simplesmente tragou uma traineira de pesca robusta de uns dez metros como se fosse de brinquedo. O barco não afundou, ficou boiando com o casco virado pra cima e foi expulso da marina. Agora não tinham somente árvores pra desviar, havia uma traineira que sumia e reaparecia repentinamente no meio das ondas. Bom, mas sempre tem um maluco. Neste caso tinham quatro. Peterson, apesar de ser muito novo já justificava o apelido de “Bronco” e foi o primeiro a ir pra água sem nenhuma hesitação. O peruano magrinho pra quem dei carona era “cascudo” mesmo e foi o segundo a cair. Teve mais um surfista espanhol, se não me engano Dani Garcia, e por último, Johnny Boy Gomes, que apesar do status de lenda havaiana deu uma senhora miguelada. Ficou dez minutinhos dentro d’água, entrou numa onda já meio que virando pra sair e voltou remando pra marina mostrando uma quilha quebrada e tratou de sumir do mapa. Os outros três fizeram um autêntico show pra galera que ia ao delírio a cada drop suicida, a cada colocada pra dentro insana e a cada desviada das árvores ou do barco. No final da tarde o mar já começaria a baixar e no dia seguinte Mundaka quebrou grande ainda, mas perfeito, e os pros deram então seu espetáculo apesar dos tubos mais profundos serem sempre dos locais espanhóis que passavam a onda inteira entocados. Eu, surfista calhorda, só fui cair no outro dia quando as ondas amanheceram com aturáveis 1,5 m e mesmo assim passei sufoco, pois a onda é muito oca e rápida, o terral é forte e dificulta o drop e a correnteza cansativa. Foi muita sorte poder surfar por dois dias uma onda lendária como Mundaka, mas ter testemunhado de camarote aquela stormy monday september session talvez tenha sido a grande recompensa desta trip.
Por incrível que pareça não tenho nenhum registro deste dia, mas fuçando no Youtube encontrei 2 filminhos que ajudam a dar uma idéia do power do lugar.



1.07.2008

Don't Worry

Dica do multitemático e sempre atual Rebobine.

1.06.2008

DNA



Não me lembrava bem por que tinha começado a escrever o Chasing. Dia primeiro de janeiro, lá pelas 2h30 da manhã, caminhando pelo Malecón (Havana, Cuba), me lembrei: eu queria pedir demissão.
Eu tinha decidido o seguinte: tenho uma viagem marcada para as Mentawaii em abril com uns amigos. Passaremos 14 dias num barco como já fizemos há 2 anos atrás. Fico no barco, depois vou pra Bali e, de lá, rodo pela região - e isso incluiria Vietnã, India e sei lá mais o quê - por uns 3 meses e de volta ao Brasil, procuraria um novo emprego. Para um cagão de carteira assinada e plano de saúde como eu, acreditem, isso é como contar pro pai que se é viado.
Tenho um puta medo de ser demitido, ficar sem emprego, sem dinheiro, perder a porra toda - essas babaquices. Mas o surfe muda tudo e talvez, por ele, eu vencesse a vocação para o CEP/CPF/RG/VGBL que tenho no meu DNA.
Tudo ia bem. Mês a mês eu reunia dinheiro, coragem, informação e motivos que me deixassem de saco ainda mais cheio com o objetivo de tornar o pedido de demissão mais fácil.
A função do Chasing era preencher intelectualmente esse espaço de tempo que ficaria longe do trabalho e perto da vida lá fora. Meus amigos teriam algum contato com o meu dia-a-dia, meus parentes saberiam que eu estaria vivo, corado e gordinho e os desconhecidos teriam mais alguma coisa para ler ou seguir - desculpem a pretensão a lá Ralah Ricota.
No meio do caminho, meus dois chefes me chamam numa sala, miram no meio da minha testa e disparam o gatilho. "Você foi promovido."
Numa reviravolta dramática, aos 30 minutos do segundo tempo, o coquetel CEP/CPF/RG/VGBL, com o reforço de alguns fios de cabelo branco, mudam o rumo do jogo e deixam o Maracanã lotado dos meus anseios revolucionários em um silêncio digno de funeral de indigente. Sem choro, nem vela. Sem tempo pra escrever pro blogue também.
De volta ao Malecón, com a cabeça cheia de morritos e procurando um clichê de resolucão de ano novo, decido tentar mais uma vez. Tenho que conseguir escrever um pouquinho que seja. O blogue nunca deixou o meu surfe melhor, nem me tornou mais rico. Mas platéia também é espetáculo e daqui do ar-condicionado, escrevendo para o Chasing, me sinto um pouquinho mais perto de quem tomou coragem, pediu demissão e está em alguma praia do mundo esperando por uma onda.

Agora Vai